
Saúde mental dos colaboradores: uma prioridade das empresas?
Se há coisa que a pandemia acelerou mais do que mudou, foi o facto de as expectativas dos colaboradores estarem cada vez mais centradas na questão do bem-estar, sobretudo mental. Isto porque, dada a potencial falta de equilíbrio entre a vida pessoal e a vida profissional que a mudança repentina para home-office e mudanças na dinâmica do ambiente de trabalho por conta da COVID-19 e da necessidade de distanciamento social, os colaboradores poderão estar mais propensos a um esgotamento físico e mental, o chamado Burnout.
O que é “saúde mental”?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo está relacionado a um estado de bem-estar em que cada indivíduo percebe o seu próprio potencial, pode lidar com as tensões normais da vida, pode trabalhar produtiva e frutuosamente, e é capaz de dar uma contribuição à a sua comunidade.
A pandemia e o seu impacto na saúde mental
Um estudo do US Census Bureau em Dezembro do ano passado concluiu que mais de 42% das pessoas inquiridas relataram sintomas de ansiedade ou depressão em Dezembro, um aumento em relação aos 11% do ano anterior. Uma pesquisa da KFF Health Tracking de Julho de 2020 revelou que muitos adultos estão a relatar impactos negativos na sua saúde e bem-estar mental devido à preocupação e stress com o coronavírus, tais como dificuldade em dormir (36%) ou em comer (32%), aumento do consumo de álcool ou do consumo de substâncias (12%), e agravamento das condições crónicas (12%). O isolamento e a solidão são outras tendências agravadas.
Que fatores já afetavam a saúde mental antes do quadro atual?
Os benefícios relacionados com a saúde foram sempre importantes e não é de estranhar que a pandemia Covid-19 os tenha colocado na frente. No entanto, mesmo antes da pandemia já se falava dos fatores que afetavam a saúde mental dos colaboradores. A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, por exemplo, apontava o excesso de trabalho, exigências contraditórias, falta de clareza quanto ao papel/função do colaborador, comunicação deficiente e mudanças organizacionais mal geridas, como condições de trabalho que mais podiam afetar a saúde mental dos colaboradores. Já um estudo da Occupacional Safety and Health Association (OSHA) na Europa colocou a tónica na reorganização do trabalho ou a insegurança laboral, os extensos horários de trabalho ou o volume de trabalho excessivo; e a intimidação (bullying) ou o assédio no trabalho como principais causas de stress em ambiente laboral.
Como é que as empresas podem ajudar com a saúde mental dos colaboradores?
Apesar do crescimento exponencial, poucas são as empresas que de facto implementaram ou reforçaram um conjunto de soluções para responderem às necessidades dos colaboradores relacionadas com a sua saúde mental. A Netflix, o serviço de streaming de filmes e séries mais popular do mundo, dá a oportunidade aos seus colaboradores de decidir os seus próprios horários, dias de trabalho, período e tempo de férias. Tendo em consideração que do ponto de vista da empresa a saúde mental debilitada dos colaboradores impacta a produtividade, adotar cuidados que zelem pelas necessidades psicológicas dos trabalhadores é fundamental. Deixamos alguns exemplos:
- Extensão do seguro de saúde, passando a integrar a vertente da saúde mental;
- Consultas de psicologia/psicoterapia;
- Criação de programas de saúde e bem-estar, que podem incluir:
- Sessões de mindfulness;
- Workshops sobre gestão do stress, burnout, aprender a lidar com a ansiedade…;
- Oferta da subscrição de aulas de ioga, pilates, meditação…;
- Criação de sessões de “happy hours”, com atividades de teambuilding ou onde apenas é fomentada a conversa informal sobre temas triviais;
- Implementação de canais de Comunicação Interna, com foco na comunicação de apoio (artigos, e-books, infográficos e demais materiais com dicas, por exemplo…).
- Reforçar a importância do equilíbrio saudável entre a vida pessoal e profissional, o work-life balance.
Já falamos do work-life balance no nosso blog, mas voltamos a reforçar a sua importância neste âmbito, na medida em que a falta de qualidade de vida dos colaboradores e falta de equilíbrio entre as suas esferas pessoal e profissional podem trazer consigo uma série de consequências negativas, das quais destacamos o stress e o burnout, a ansiedade, dificuldades a dormir, deteriorar das relações familiares e sociais, podendo levar ao isolamento e solidão, e problemas físicos. Todos estamos sujeitos ao esgotamento físico e mental devido ao excesso de trabalho, no entanto isto pode ser evitado se as empresas entenderem que a saúde mental dos seus colaboradores é essencial não só para o seu próprio bem-estar, mas também para a produtividade das suas equipas.
Assim, é crucial que as empresas sejam capazes de manter um ambiente de trabalho seguro ao mesmo tempo que empoderam o colaborador, o reconhecem e zelam pelo seu bem-estar, fator chave para o sucesso organizacional.